Me assuma ou corra

Eu não sabia o que éramos. Aliás, até hoje não sei. Na verdade, não sabia exatamente o que ele queria e nem o que ele sentia. Se era amor da parte dele ou só aquela vontade passageira. Eu só sabia de uma coisa: Eu gostava. E gostava tanto a ponto de parar o mundo para poder ver ele. De desmarcar compromissos para estar com ele. De deixar a amiga ir pra balada sozinha e ir pra casa dele. De mentir para os pais - dizendo que iria na casa da amiga - para encontrar ele na 1ª esquina. 

Ele tinha eu por completa, mas nunca quis me assumir. Quando eu perguntava sobre nós, ele rapidamente mudava de assunto. Quando eu queria um dia de carinho, ele queria sacanagem. Quando eu queria pegar um cinema, ele queria cama. Quando eu queria rosas, ele me dava uma nova lingerie. Quando eu queria abraços, ele me passava a mão. Eu odiava a falta de carinho dele, mas adorava a sua safadeza e ousadia junto daquele olhar sexy de galanteador nato. 

Eu brigava e vivia discutindo por falta de sua atenção. Chegava os fins de semanas, ele sumia. Quando me procurava, era no fim da noite. Segunda ou terça, aparecia com aquela cara de pau dizendo: Oi-amor-tudo-bem-saudades-quero-te-ver. Como se nada tivesse acontecido. Mas o que iria fazer sendo que era isso tudo que eu queria? Como dispensar aquilo que a gente tanto quer? Como dar tchau querendo um abraço?


Lutei muito para se aprofundar e tentar criar um novo relacionamento que fosse saudável para nós. Me envolvi, mesmo o coração não querendo. Bati de frente e evitei pensar que poderia dar errado de novo. Encarei tudo isso, para dar certo. Cuidei, preservei e valorizei. Eu, quando gosto, faço essas coisas. Nada me impede e faz com que eu mude meus caminhos quando eu tenho um só pensamento que é de ser feliz e de fazer feliz. Foi aí, que um dia qualquer, peguei o amor que tanto queria, guardei numa caixa pequena, subi na cadeira da cozinha, coloquei bem no alto daquela estante antiga que já estava mofada de tão velha que era. E mesmo assim, quando menos esperava, o amor despencou. 

Sentia que ele não tava mais a fim e só me procurara para matar sua sede de amor. Sentia que ele não queria mais nada, a não ser, me por na sua cama. Sentia que estava sendo usada, como uma das tuas negas. Sentia que, no fundo, ele não passara de um canalha, que me enrolou. Sentia que, depois de ter esperado, cuidado, preservado todo este tempo, fui uma tremenda babaca por dispensar tantos caras para, enfim, estar do lado dele. Sentia que, já não sentia mais nada. 


Sabe quando nasce a raiva? E quando a gente pega o nojo? Sabe aquele ódio-rancor-receio-saudade-maldita que fica quando um amor que a gente tanto queria, chega ao fim? Vocês sabem do que eu tô falando? O fim. O fim, amores. Ele aparece do nada, sem nos avisar. Chega e pummm, derruba geral. Não é? O pior fim é aquele que chega sem avisar. O pior fim é aquele que a gente pensa que nunca vai acontecer, e acontece. O pior fim é o inesperado. E tem sido assim. O amor, quando acaba desta forma, parece que ele nunca existiu. Daí passa meses, você encontra a pessoa na-rua e já logo fala para a amiga: ''Porra, como eu pude gostar de uma merda dessa aí?'' 


Sabe quando a pessoa não tem coragem de assumir a gente? Quando a pessoa não sabe o que realmente quer? Quando a pessoa enrola nossa vida? Quando a pessoa esconde o nosso amor? Quando a pessoa faz a gente esperar por ela? Quando a pessoa não liga mais? Quando a pessoa se distancia? Quando a pessoa conhece outras pessoas? Quando ficamos parado no tempo esperando por uma resposta simples e importante? Quando a gente se pergunta: Será que vale à pena? E quando bate a saudade e a vontade de estar perto? E quando os amigos perguntam de nós? Como estamos? Se ainda estamos juntos? O que responder? O que falar à elas? Um dia vou criar um novo status de relacionamento chamado: ''ainda não sei o que somos". E levar para sempre comigo.

Por: Fernando Oliveira